De Francisco Francerle para a redação do Diário de Natal
A tradicional Festa de Sant'Ana, que começa hoje (21) e encerra no dia 31, tem um componente a mais este ano para incrementar os festejos, atrair turistas e encher o povo seridoense de orgulho de sua terra. O bispo da Diocese de Caicó, Dom Manuel Delson Pedreira da Cruz, e o prefeito da cidade, Bibi Costa, além de outras instituições que promovem o evento vão receber no último dia de comemorações, das mãos de representantes do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), o título de reconhecimento da Festa de Sant'Ana como Patrimônio Imaterial Cultural do Brasil.
Esta é a primeira edição da festa após a inscrição no Livro de Registro das Celebrações que aconteceu no dia 10 de dezembro de 2010. Apenas as festas religiosas do Círio de Nazaré, na cidade Belém do Pará, e a Festa do Divino Espírito Santo, em Pirenópolis (Goiás), têm o mesmo título.
Para o prefeito de Caicó, Bibi Costa, o reconhecimento é um verdadeiro atestado do patrimônio que jáexiste e motiva não apenas as autoridades a trabalharem mais, como o próprio seridoense a entender a grandeza deste evento. "Isso nos enche não apenas de orgulho, mas sobretudo de responsabilidade para mover todos os meios de preservar essa cultura e possibilitar aos visitantes um evento de qualidade", disse o prefeito.
O bispo da Diocese de Caicó, Dom Manuel Delson Pedreira da Cruz, também exaltou o reconhecimento. Para ele, a festa ganha um valor enorme com esse título aumentando mais ainda o peso cultural, religioso e social que o evento já congrega. "Como igreja sentimos uma grande satisfação por esse título, não apenas porque são poucas festas religiosas no país que o detém, mas porque sabemos do efeito simbólico e devoção que é muito grande para todas as famílias do Seridó", ressaltou o bispo.
Segundo explica o arqueólogo do Iphan, Onésimo Santos, o principal efeito deste reconhecimento é que, a partir de agora, o Iphan poderá trabalhar na elaboração de projetos que visem a preservação da festa. Nos dois dias seguintes à cerimônia de entrega acontecerão as primeiras reuniões sobre o Plano de Salvaguarda da festa. Entre as diretrizes estabelecidas durante a instrução do processo de registro para sua salvaguarda estão: a implantação de ações que incentivem e garantam a transmissão dos saberes das mestras de chouriço e do ofício das bordadeiras; a implementação de um Programa de Educação Patrimonial em escolas da rede pública para difundir o conhecimento a respeito do patrimônio cultural nacional e local; e a criação de um Memorial de Sant'Ana e de um roteiro histórico da festa para que visitantes e moradores de Caicó tenham contato com os principais monumentos e lugares importantes dessa localidade.
Uma história de 260 anos
Os estudos do Iphan começaram em 2007 com o levantamento das referências culturais do Serido, em que participaram antropólogos, sociólogos e historiadores, sobressaindo-se a Festa de Sant'Ana como cultura massiva do Seridó. "O estudo detectou uma cultura muito marcada por características próprias em relação ao sertão de outros estados", disse Onésimo, explicando que outro estudo foi realizado sobre a festa que culminou com a produção de um dossiê com a riqueza cultural do evento. A festa de Sant'ana é uma celebração que ocorre há mais de 260 anos e reúne diversos rituais religiosos, profanos e outras manifestações culturais da região do Seridó.
Além de uma celebração representativa para este município, ela permite também vislumbrar a diversidade das manifestações culturais e possibilita a compreensão abrangente do Seridó potiguar. Fora do aspecto religioso, 19 outras festas no Brasil têm o mesmo título. O primeiro reconhecimento foi o Ofício das Paneleiras de Goiabeiras, no Espírito Santo outras manifestações são ligadas à cultura, como a Feira de Caruaru, o Ofício das Baianas de Acarajé e o toque dos Sinos em Minas Gerais.
Lendas
O culto a Sant'Ana, que na tradição católica é a mãe de Maria e avó de Jesus, foi formalizado pela Igreja Católica no século XIV e teve sua data fixada em 26 de julho no século XVI. Em Caicó, que tem a santa como padroeira, o culto está vinculado à fundação da cidade, no século XVII. A construção da primitiva capela de Sant'Ana, em 1695, e a história de alguns milagres da santa motivaram a devoção do seridoense por Sant'Ana. Conta a lenda que a construção da capela foi um gesto de gratidão. Um vaqueiro, ameaçado por um touro bravo, pediu ajuda a Sant'Ana.
Durante a construção da capela, mais uma vez a comunidade pediu auxílio à santa para impedir a seca do poço de água no leito do rio Seridó. Sant'Ana ajudou e o poço nunca mais secou, tendo sido possível terminar a construção da igreja. O Poço de Sant'Ana existe até hoje e faz parte de todas as narrativas sobre a origem da cidade.Atualmente, os eventos religiosos concentram-se ao redor da Catedral de Sant'Ana, mas envolve o unicípio com procissões, carreatas e cavalgadas.
A tradicional Festa de Sant'Ana, que começa hoje (21) e encerra no dia 31, tem um componente a mais este ano para incrementar os festejos, atrair turistas e encher o povo seridoense de orgulho de sua terra. O bispo da Diocese de Caicó, Dom Manuel Delson Pedreira da Cruz, e o prefeito da cidade, Bibi Costa, além de outras instituições que promovem o evento vão receber no último dia de comemorações, das mãos de representantes do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), o título de reconhecimento da Festa de Sant'Ana como Patrimônio Imaterial Cultural do Brasil.
Esta é a primeira edição da festa após a inscrição no Livro de Registro das Celebrações que aconteceu no dia 10 de dezembro de 2010. Apenas as festas religiosas do Círio de Nazaré, na cidade Belém do Pará, e a Festa do Divino Espírito Santo, em Pirenópolis (Goiás), têm o mesmo título.
Para o prefeito de Caicó, Bibi Costa, o reconhecimento é um verdadeiro atestado do patrimônio que jáexiste e motiva não apenas as autoridades a trabalharem mais, como o próprio seridoense a entender a grandeza deste evento. "Isso nos enche não apenas de orgulho, mas sobretudo de responsabilidade para mover todos os meios de preservar essa cultura e possibilitar aos visitantes um evento de qualidade", disse o prefeito.
O bispo da Diocese de Caicó, Dom Manuel Delson Pedreira da Cruz, também exaltou o reconhecimento. Para ele, a festa ganha um valor enorme com esse título aumentando mais ainda o peso cultural, religioso e social que o evento já congrega. "Como igreja sentimos uma grande satisfação por esse título, não apenas porque são poucas festas religiosas no país que o detém, mas porque sabemos do efeito simbólico e devoção que é muito grande para todas as famílias do Seridó", ressaltou o bispo.
Segundo explica o arqueólogo do Iphan, Onésimo Santos, o principal efeito deste reconhecimento é que, a partir de agora, o Iphan poderá trabalhar na elaboração de projetos que visem a preservação da festa. Nos dois dias seguintes à cerimônia de entrega acontecerão as primeiras reuniões sobre o Plano de Salvaguarda da festa. Entre as diretrizes estabelecidas durante a instrução do processo de registro para sua salvaguarda estão: a implantação de ações que incentivem e garantam a transmissão dos saberes das mestras de chouriço e do ofício das bordadeiras; a implementação de um Programa de Educação Patrimonial em escolas da rede pública para difundir o conhecimento a respeito do patrimônio cultural nacional e local; e a criação de um Memorial de Sant'Ana e de um roteiro histórico da festa para que visitantes e moradores de Caicó tenham contato com os principais monumentos e lugares importantes dessa localidade.
Uma história de 260 anos
Os estudos do Iphan começaram em 2007 com o levantamento das referências culturais do Serido, em que participaram antropólogos, sociólogos e historiadores, sobressaindo-se a Festa de Sant'Ana como cultura massiva do Seridó. "O estudo detectou uma cultura muito marcada por características próprias em relação ao sertão de outros estados", disse Onésimo, explicando que outro estudo foi realizado sobre a festa que culminou com a produção de um dossiê com a riqueza cultural do evento. A festa de Sant'ana é uma celebração que ocorre há mais de 260 anos e reúne diversos rituais religiosos, profanos e outras manifestações culturais da região do Seridó.
Além de uma celebração representativa para este município, ela permite também vislumbrar a diversidade das manifestações culturais e possibilita a compreensão abrangente do Seridó potiguar. Fora do aspecto religioso, 19 outras festas no Brasil têm o mesmo título. O primeiro reconhecimento foi o Ofício das Paneleiras de Goiabeiras, no Espírito Santo outras manifestações são ligadas à cultura, como a Feira de Caruaru, o Ofício das Baianas de Acarajé e o toque dos Sinos em Minas Gerais.
Lendas
O culto a Sant'Ana, que na tradição católica é a mãe de Maria e avó de Jesus, foi formalizado pela Igreja Católica no século XIV e teve sua data fixada em 26 de julho no século XVI. Em Caicó, que tem a santa como padroeira, o culto está vinculado à fundação da cidade, no século XVII. A construção da primitiva capela de Sant'Ana, em 1695, e a história de alguns milagres da santa motivaram a devoção do seridoense por Sant'Ana. Conta a lenda que a construção da capela foi um gesto de gratidão. Um vaqueiro, ameaçado por um touro bravo, pediu ajuda a Sant'Ana.
Durante a construção da capela, mais uma vez a comunidade pediu auxílio à santa para impedir a seca do poço de água no leito do rio Seridó. Sant'Ana ajudou e o poço nunca mais secou, tendo sido possível terminar a construção da igreja. O Poço de Sant'Ana existe até hoje e faz parte de todas as narrativas sobre a origem da cidade.Atualmente, os eventos religiosos concentram-se ao redor da Catedral de Sant'Ana, mas envolve o unicípio com procissões, carreatas e cavalgadas.
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